Os desafios do CPO global do futuro: guia para prosperar na incerteza

O papel do CPO se torna cada vez mais essencial
O papel do Chief Procurement Officer (CPO) está em plena evolução. Se antes a função era associada à negociação de contratos e à busca por redução de custos, hoje o CPO global assume uma posição estratégica, impactando diretamente a resiliência, a competitividade e até a reputação das organizações.
No cenário atual, marcado por incertezas e rápidas mudanças, os CPOs precisam lidar com riscos cada vez mais complexos — muitos deles invisíveis à primeira análise. Esses riscos ocultos representam uma ameaça silenciosa, capaz de gerar interrupções na cadeia de suprimentos, prejuízos financeiros e danos de imagem de difícil reparação.
O novo cenário de riscos em procurement
Nos últimos anos, crises como a pandemia de Covid-19, a guerra entre Rússia e Ucrânia, ataques cibernéticos em escala global, inflação acelerada e os impactos crescentes das mudanças climáticas deixaram claro: o procurement tradicional já não é suficiente.
De acordo com a McKinsey, 80% das interrupções na cadeia de abastecimento vêm de fornecedores de segundo nível ou além — ou seja, de empresas com as quais muitas vezes não existe contato direto. Isso mostra como a falta de visibilidade é um dos grandes desafios para o CPO global.
Além disso, a Gartner aponta que apenas 6% das organizações têm total visibilidade de suas cadeias de suprimentos, desde os fornecedores diretos até os tiers mais distantes. Essa limitação expõe as empresas a vulnerabilidades que vão muito além dos riscos financeiros e de qualidade.
Riscos tradicionais x riscos ocultos
O CPO do futuro precisa enxergar além do óbvio. Se os riscos tradicionais já fazem parte do radar — como preço, qualidade, capacidade de entrega e saúde financeira —, os riscos ocultos são mais difíceis de identificar e exigem novas ferramentas e estratégias de monitoramento.
Principais riscos ocultos em procurement
- Riscos Cibernéticos
Em um mundo cada vez mais digital, fornecedores mal preparados em termos de cibersegurança podem abrir brechas para ataques hackers, vazamento de dados e interrupções de sistemas críticos. O elo mais frágil da cadeia pode comprometer toda a operação. - Riscos Climáticos e Ambientais
Fenômenos extremos, como enchentes, furacões e secas, afetam diretamente a produção e a distribuição global. Segundo estimativas, as perdas econômicas ligadas a mudanças climáticas podem chegar a US$ 28 trilhões até 2050. O CPO precisa considerar esses fatores em sua estratégia de sourcing e na escolha de fornecedores alternativos. - Riscos ESG (Ambientais, Sociais e de Governança)
Pressões regulatórias e da sociedade exigem que as empresas monitorem não apenas a performance financeira, mas também o impacto ambiental e social de seus parceiros. Fornecedores envolvidos em violações trabalhistas, corrupção ou práticas ambientais inadequadas representam um risco reputacional imenso. - Riscos Geopolíticos e Regulatórios
Sanções econômicas, guerras comerciais, tarifas inesperadas ou mudanças legais em diferentes países podem afetar o fornecimento de insumos estratégicos. Para CPOs que atuam globalmente, acompanhar esses movimentos é vital. - Riscos de Subfornecedores (Tier 2, Tier 3 e além)
Muitas vezes invisíveis, os subfornecedores podem estar envolvidos em práticas fraudulentas, relações societárias arriscadas ou até mesmo atividades ilegais. Esses riscos só aparecem com análises profundas de dados e visibilidade multiterritorial.
Estratégias para lidar com riscos ocultos
Diante desse cenário, o CPO global precisa se apoiar em novas práticas e tecnologias que tragam clareza e segurança às operações.
- Mudar o mindset: do procurement reativo ao estratégico
Mais do que reduzir custos, o CPO precisa atuar de forma estratégica, antecipando problemas e construindo uma cadeia de suprimentos resiliente e sustentável.
- Usar dados como fundamento
A criação de um Golden Record, consolidando todas as informações de fornecedores em um único perfil confiável, reduz inconsistências e permite decisões baseadas em dados.
- Inteligência Artificial aplicada com propósito
A IA pode acelerar análises de compliance, detectar fraudes em tempo real, prever riscos climáticos e classificar informações críticas. Mas seu sucesso depende da qualidade dos dados e da clareza dos objetivos.
- Construir visibilidade multiterritorial
Ferramentas que permitam mapear e monitorar fornecedores de múltiplos tiers são essenciais para identificar riscos ocultos. Isso envolve integrar dados financeiros, societários, climáticos e de compliance em uma visão única.
- Equilibrar tecnologia, processos e pessoas
Nenhuma tecnologia funciona sozinha. É preciso capacitar equipes, desenhar processos ágeis e, então, integrar soluções digitais para garantir eficiência e controle de ponta a ponta.
O futuro do CPO global
O CPO global do futuro precisará se apoiar em dados, tecnologia e uma estratégia proativa sólida para navegar em um cenário de riscos cada vez mais frequentes e ocultos. Sua missão será transformar o procurement da empresa em um diferencial competitivo e uma ferramenta de crescimento, capaz de proteger a empresa contra ameaças e, ao mesmo tempo, gerar novas oportunidades de expansão.
Em um mundo de riscos ocultos, enxergar além da superfície não é mais um diferencial: é uma questão de sobrevivência corporativa.
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